MARIA ♥



Maria há muitas, lá diz o povo. Mas esta Maria é única, tal como todas as outras. É a primeira. É a primeira filha. É uma benção sempre que chega um bebé a uma família. E neste caso, tem um sabor mais que especial. Para a Taraita duplamente especial.

Especial é também o quarto da Maria. Muitos foram aqueles que colocaram lá o coração. Está lá parte de muitos. Muitos e bons. 
E d'coração em coração o quarto da Maria ficou pronto.

A Taraita tinha de recuperar a cadeira de baloiço da Maria. 
E o seu coração ficou desde logo a baloiçar. 
Não de medo, mas de felicidade. 
Não de receio, mas de coragem. 
Não de como quem nunca fez nada disto, mas de como quem quer fazer isto para todo o sempre. 

E para todo o sempre o papã, a mamã e a Maria vão poder baloiçar ao som de histórias que passam d'coração em coração.



 




❥ Anjo da Guarda
minha companhia
guardai a Maria
de noite e de dia ❥



Sr. Crinas ♥

Era uma vez um cavalo,
que vivia numa linda instituição
tinha as orelhas agachadas
e a cabeça era feita de madeira
A correr trá-lá-lá
a saltar trá-lá-lá
cavalinho não saía do lugar
trá-lá-lá

Preso ao seu destino,
corre corre cavalinho de madeira,
tinha as orelhas agachadas
e a cabeça era feita de madeira,
A correr trá-lá-lá
a saltar trá-lá-lá
cavalinho não saía do lugar
trá-lá-lá

Mas um dia a Taraita
abeirou-se do bonito cavalinho
afagou-o com novas cores
cavalinho, cavalinho de madeira
A correr trá-lá-lá
a saltar trá-lá-lá
cavalinho vai em breve para outro lar
trá-lá-lá


O M. é um menino cheio de amor e que adora brincadeira. Os seus olhos enormes, como azeitonas pretas, irão derreter muitos corações. Diz o pai "que não há menina/mulher que lhe fique indiferente". Eu adoro crianças, tudo o que escrever será suspeito, mas o M. é um menino especial, cheio de carinho, ternura e simpatia.

Os pais do M. decidiram comprar-lhe um cavalinho de madeira e contactaram-me para os ajudar na procura de um especial. Entre toda a tropa escolhemos um cavalinho à venda numa instituição de solidariedade em Braga.

"verde, azul e amarelo" - dizia a mãe
"amor, suavidade e brincadeira" continuava ela a descrever o seu filho e o espaço que o acolherá.

O processo criativo foi assim, tal como a Taraita pretende, bebendo de todas as partes... como andar de carrossel... ora subíamos no sonho, ora descíamos à realidade... um projeto ambicioso, pela sua diferença, e uma correria por uma tinta especial [fosforescente] que não existia em nenhum lugar. Mas, finalmente, encontramos o que procurávamos e em conversa com a mãe ela diz:

 "vai ser o Sr.Crinas que o protegerá". Ficou assim batizado e eu não lhe daria melhor nome.




O Sr.Crinas está pronto e vai passar a ser o grande companheiro do M., brincado com ele todo o dia e protegendo-o durante toda a noite [sim, porque o Sr.Crinas dá luz assim que fica escuro].

 ♥ 

OFICINA ♥ quem não sabe é como quem não vê

    
Quem não sabe é como quem não vê. E quando a Taraita não sabe, não vê. Não há nada como testar as grandes ideias em pequenas peças. Fomos num instante, que ninguém deu pela nossa falta na oficina, à loja mais perto e encontramos esta cadeira tosca e não hesitamos. Testamos e não é que se vê...

... hoje chega toda a tinta encomendada e em breve todos vão poder ver o projeto do cavalinho finalizado. 







  




INSPIRAÇÃO ♥ CRIANÇAS E NATUREZA

    As crianças de hoje, especialmente aquelas que vivem em áreas urbanas, muitas vezes não têm a possibilidade de entrar em contacto direto com a natureza. As crianças adoram a natureza e sentem-se atraídas e fascinadas por tudo relacionado com ela. 

 [via Pinterest ]

    Desde os dois anos de idade que vivo num apartamento, o que diminuiu o contacto diário que tinha com animais. Lembro-me de querer um coelho, como animal de estimação. Queria trazer um coelho branquinho que a minha ama tinha no seu quintal. Cansava todos os dias os meus pais com promessas e juras de que o colocaria na caminha das minhas bonecas e que iria cuidar dele, sem lhes dar trabalho algum. Mas eles não foram nas minhas ideias, preferiram encher o meu quarto com peluches até ao teto, onde não faltava qualquer animal, nem mesmo os da selva. Felizmente, tinha a casa dos meus avós maternos e da minha ama, onde podia acompanhar o crescimento dos animais e brincar com eles. 







 [via Pinterest ]


     É difícil encontrar uma criança que não goste de animais, especialmente de cães, que se tornam, muitas das vezes, companheiros de grandes brincadeiras. Os pais, na impossibilidade de adquirem um animal doméstico, procuram brinquedos que transportam as crianças para esta realidade. Hoje, estou a trabalhar num projeto especial. Os pais do Marcos queriam oferece-lhe um cavalinho de madeira. Escolheram a Taraita para criar aquele que será o companheiro de infinitas brincadeiras com o seu filho. 
   



  



INSPIRAÇÃO ♥ O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS



     As crianças brincam com todos os elementos de mobiliário e decoração que os rodeiam: espelhos, prateleiras, gavetas, armários, cortinas, almofadas. Todas têm algum tipo de atração, o que muitas vezes escapa aos adultos, e servem-se deles como peças para as suas fantásticas aventuras e jogos imaginativos. As crianças brincam com os espaços da mesma forma que os gatos. Gostam de se esconder em lugares pequenos e acreditam estar fora do alcance visual dos adultos, e trepar para lugares altos onde podem observar sem ser observados.








[via Pinterest ]



IMPRESSÃO DIGITAL ♥


Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros com outros olhos,
Não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
Uns outros descobrem cores
Do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

ANTÓNIO GEDEÃO


vídeo elaborado para a defesa do projeto (RE)make no "Programa de Desenvolvimento de Competências em Gestão de Novos Negócios", na Universidade do Minho

     
     Cada pessoa tem a sua identidade, histórias, memórias e olhar. Cada um, com os seus olhos, vê o mundo à sua maneira e reage consoante as suas interpretações.

    O projeto TARAITA pretende recuperar mobiliário de uma forma criativa, através do "conto" de uma história que poderá ser a da peça, a do cliente com a peça ou algo que o inspire. Ouvir a história e dar-lhe corpo num móvel, que passará a ser mais do que um simples objeto e que terá o mesmo número de interpretações, do que o número de pares de olhos que o verá. Podemos encontrar estes móveis nos nossos sótãos, garagens ou podem ser aqueles que nos são especiais e aos quais atribuímos um significado próprio e nos remetem para uma memória especifica.


Os olhos da TARAITA são uns olhos.
Os vossos móveis são uns móveis.
As vossas histórias são umas histórias.
E é com esses olhos uns
Que a TARAITA vê no mundo as vossas histórias
Onde outros com outros olhos,
não vêem histórias nenhumas.
Quem diz histórias diz memórias.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem monos e monstros
A TARAITA descobre alma e amor


the best thing about memorias is (RE)making them ♥


"Antes de nós, tudo já foi escrito.
Temos de escrever as mesmas coisas;
porém, com palavras mais belas"
MADAME BOVARY 


  "Com a forte aceleração da sociedade atual, provocada pelo rápido desgaste das mensagens, em especial das visuais, assiste-se à perda de identidade pela vertigem das mudanças sucessivas. Os móveis são fabricados, de modo, a permanecerem poucos anos em casa o que leva a uma fragmentação da identidade na ausência de referências fixas ou sólidas.
   A saudade, as memórias, a identidade dos produtos do passado levam os criadores a procurarem esses valores, mas a estudarem novas formas para os manterem atuais. Acredita-se que os consumidores, de hoje, vão procurar agarrar-se a esses simbolismos, identificando-se com os novos produtos e querendo-os sem hesitar.
   É necessário encarar a mudança, existe cada vez mais a necessidade da procura e do reencontro com as memórias, as tradições e os sentimentos culturais, de modo a compensar a instabilidade e a descaracterização do universo artificial da atualidade.
  A renovação dos processos de significação da contemporaneidade são um claro exemplo desta perturbação. Outras soluções são válidas na quietude do produto português em que a simplicidade, a ecologia e a pureza do material provoca impacto e cria peças únicas aliando a perícia de velhos mestres artesãos com a tecnologia sofisticada e o preço.
   É muito importante no design contemporâneo, a criação de novas formas e ambientes, especialmente num mercado global, muitas vezes homogeneizado e desenraizado, a recriação torna-se essencial ganhando especial valor reinterpretando o potencial das técnicas artesãs. O artesão e o designer, juntos, aliados às novas tecnologias criam produtos inovadores e verdadeiramente artísticos.
   É assim que a (RE)make se diferencia, na sua capacidade de transformar tudo o que não se espera que seja arte, numa maneira sedutora e irónica de interpretar visualmente e simbolicamente as coisas, trabalhando com peças que não procuram ser novas, mas que procuram, sim, recuperar o seu percurso e evoluir através do design contemporâneo. Pretendem adaptar-se ao contexto geográfico e cultural, de modo, a serem de novo, funcionais.
   Assim, a identidade do produto estará sempre presente e a sua história continuará permanente." 



 


    No inicio deste ano participei num programa de desenvolvimento de competências em gestão de novos negócios, na Universidade do Minho, onde tive a oportunidade de desenvolver a minha ideia de negócio, juntamente com quatro grandes mulheres que apenas conheci no contexto da formação. Todas diferentes, mas com corações tão iguais, que foi fácil partilhar as espetativas que tinha. Durante um mês trabalhamos juntas no meu projeto, então designado por (RE)make, e construímos uma amizade que se prolonga no tempo, como se de uma amizade de anos se tratasse. Foi um prazer fazer parte do grupo onde nos enquadramos e uma sorte conhecer estas quatro mulheres que contribuíram e muito para o desenvolvimento da ideia. A todas elas o meu obrigado e continuação de boa sorte nos vossos projetos pessoas.




um beijo especial para a Maggie, Lídia, Cristiana e Suéli